terça-feira, 21 de abril de 2009

ah! este fogo,
esta luz que me atormenta
ah! esse vazio que me destrói
essa escuridão que me cega
essa corrente que me destrata
ah! esse vazio que me destrói
quero deixar essa luz, ausente de dono
quero deixá-la
ah! eu desejo,
o que somente os ignorantes podem ter
ah! eu desejo,
o que falta aos sábios
ah! eu desejo,
um pouco de paz
eu quero poder fechar meus olhos
calar as vozes
sucumbir ao que me parece amarras
deixá-las me possuir
e não senti-las mais
porque feliz, aquele que não as percebem
não quero mais o gosto amargo na língua
nem tentar cicatrizar as feridas
o que eu quero?
uma anestesia
um entorpecente
ah! esse meu desejo insano
e covarde
quero poder tê-lo em meus braços
acariciá-lo
apreciá-lo
eu quero cessar esse fogo
cessar a audição,
deste eu que não aguenta mais ouvir os gritos de agonia
dos que desejam a liberdade
sem saber o que procuram
e sabem que tal não existe absoluta
quero abandonar este fogo maldito
este fogo que não queima
este fogo esquisito
sem chamas
ah, o que eu desejo,
é a ignorância.