tag:blogger.com,1999:blog-13431156072702027812024-03-05T01:26:46.520-03:00Descalço na lamaRaíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.comBlogger45125tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-44511815410122493082012-11-07T23:33:00.001-02:002012-11-08T00:51:04.991-02:00<br />
"<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 9.5pt;">a
trituração</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">
<br />
<span style="background: white;">muito</span><br />
<span style="background: white;">muito pouco</span><br />
<span style="background: white;">muito gordo</span><br />
<span style="background: white;">muito magro</span><br />
<span style="background: white;">ou ninguém.</span><br />
<span style="background: white;">gargalhadas ou</span></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 13.5pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">lágrimas<br />
odiadores<br />
amantes<br />
estranhos com rostos como<br />
as costas de<br />
percevejos<br />
exércitos correndo por<br />
ruas de sangue<br />
acenando garrafas<br />
baionetando e fodendo<br />
virgens.<br />
ou um cara velho num quarto barato<br />
com uma fotografia da M. Monroe.<br />
há uma solidão tão grande nesse mundo<br />
que você pode vê-la no movimento lento dos<br />
braços de um relógio.<br />
pessoas tão cansadas<br />
mutiladas<br />
ou pelo amor ou por nenhum amor.<br />
as pessoas não são boas umas às outras<br />
num todo.<br />
os ricos não são bons para os ricos<br />
os pobres não são bons para os pobres.<br />
temos medo.<br />
nossos sistema educacional nos diz<br />
que podemos todos ser<br />
vencedores rabudos.<br />
não nos disseram sobre<br />
as sarjetas<br />
ou os suicídios.<br />
ou o terror de uma pessoa<br />
doendo em um lugar<br />
sozinha<br />
intocada<br />
infalada<br />
regando uma planta.<br />
as pessoas não são boas umas às outras.<br />
as pessoas não são boas umas às outras.<br />
as pessoas não são boas umas às outras.<br />
acho que nunca serão.<br />
não as peça para ser.<br />
mas às vezes eu penso sobre<br />
isso.<br />
as contas balançarão<br />
as nuvens enuviarão<br />
e o assassino decapitará a criança<br />
como se mordesse uma casquinha de sorvete.<br />
muito<br />
muito pouco<br />
muito gordo<br />
muito magro<br />
ou ninguém<br />
mais odiadores do que amantes.<br />
as pessoas não são boas umas às outras.<br />
talvez se elas fossem<br />
nossas mortes não seriam tão tristes.<br />
enquanto isso eu olho para as jovenzinhas<br />
impedirem<br />
flor da possibilidade.<br />
tem que haver um jeito.<br />
certamente há um jeito que ainda não<br />
pensamos.<br />
quem botou esse cérebro dentro de mim?<br />
ele chora<br />
ele reclama<br />
ele diz que há uma chance.<br />
ele não diz não. " (Bukowski)<o:p></o:p></span></div>
Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-43303402705914364842012-06-02T13:45:00.000-03:002012-06-02T13:58:58.395-03:00Destino<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
E já era hora de passar pelos túneis<br />
Abrigados por moribundos<br />
Cansados do dia de amanhã<br />
As suas mãos estão cheias de calos<br />
Nenhum parece ser formado<br />
Pelo destino desenhado em linhas fundas<br />
Ontem eu vi um pássaro negro<br />
Ele cantava para as árvores altas<br />
Daqui parecia um sussurro desesperado<br />
Você se cansou do ontem<br />
E sonha em viver o amanhã<br />
Que nunca chega<br />
Eles sempre te lembram<br />
Dos cacos espalhados pelo chão<br />
E você se refletindo neles<br />
Num tom vermelho<br />
A sua blusa de mangas compridas<br />
Escondem marcas<br />
Que lembram as linhas<br />
Desenhadas nas suas mãos<br />
Eles sempre te lembram<br />
Dos cacos espalhados pelo chão<br />
E você se refletindo neles<br />
Num tom vermelho<br />
<div>
<br /></div>Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-29126333674731417712011-08-15T20:36:00.000-03:002012-06-11T11:45:56.756-03:00É que eu preciso que o deus venha<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjxP5Xl8NpWYJJUBRQx4nddkPbAXXX6cOvynp0_ljn3NECM2-DjWQOxdPQ8L_yt-DaRK8NaNSRfy-ZK6Pba8CSq3w_SLrzvybBuE6VNY2T6JqvB60jFvH3B8O2-Nbi5UAE-IK5LiPLVEY/s1600/girassol.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjxP5Xl8NpWYJJUBRQx4nddkPbAXXX6cOvynp0_ljn3NECM2-DjWQOxdPQ8L_yt-DaRK8NaNSRfy-ZK6Pba8CSq3w_SLrzvybBuE6VNY2T6JqvB60jFvH3B8O2-Nbi5UAE-IK5LiPLVEY/s320/girassol.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
Vida solta</div>
<div>
Canto triste</div>
<div>
Margaridas no lugar de girassóis</div>
<div>
Porta aberta</div>
<div>
Vento pouco</div>
<div>
Nada que faria o mundo desabar</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Foi chegando</div>
<div>
Como um raio</div>
<div>
Aquecendo tudo ao seu redor</div>
<div>
Trouxe canto</div>
<div>
Ventania</div>
<div>
Bagunçando folhas e lençóis</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Eu queria mais que tudo</div>
<div>
Ver nos seus olhos o pecado da maçã</div>
<div>
E que ardesse como a chama</div>
<div>
Que queimava bruxas e pagãos</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Guerra armada</div>
<div>
Apertada pelos braços de Morfeu</div>
<div>
Foi travada a batalha</div>
<div>
Quem ganhasse seria o meu Deus</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Vida aberta</div>
<div>
Vento triste</div>
<div>
Girassóis fazendo o mundo desabar</div>
<div>
Canto pouco</div>
<div>
Porta solta</div>
<div>
Bagunçando tudo ao meu redor</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Se amaram </div>
<div>
Como loucos</div>
<div>
Não cabia mais nenhuma dor</div>
<div>
Foi tão denso</div>
<div>
Como chuva</div>
<div>
Que entrava por janelas e portões</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Guerra armada</div>
<div>
Apertada pelos braços de Morfeu</div>
<div>
Foi travada a batalha</div>
<div>
Quem ganhasse seria o meu Deus</div>Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-48592394668265177582011-05-07T12:23:00.002-03:002011-05-07T12:33:44.846-03:00Se eu mentisse sobre as falas que me disse quando ouviSeríamos opostos perdidos entre o mar aberto e os olhos tristes de quem era feliz?<div>Soubéssemos antes de todo esse fim, fugiríamos loucos, tontos, embriagados por toda verdade exposta em palavras, outrora, veladas pelo perfume da flor. Ou repetiríamos cada gesto duro, palavras amargas, mãos desatadas, agudos tão densos e aquela velha mala marrom restando como símbolo do que já chamamos de amor e agora chamamos de melhor solução para algo que não deu certo. Parecendo que o fim do amor é dar certo.</div><div>Preferia antes, sem as molduras, o quadro bastando, sem tantas definições para tudo quanto há. </div><div>Sabe, às vezes desaprende-se a andar, vira um só. E o amor é tudo, menos virar um só. </div>Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-38808494769787083372010-11-29T23:15:00.004-02:002010-11-30T00:09:19.115-02:00Nova história de um ovo apunhalado<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirTC6IJ-6xY_WxjPXwpzf5pQ8U0aqiSYwR4EXjsFPL8zXMphc6Y8VDlYzfrWGh5cglZ8YtV-qnIE4MAmH-6rEHMe8x9oH4zHozppbRoRTceHYly0_VPgxnY2z1FeSOp1jRmWYYLWDJC_M/s1600/ovo_web.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 255px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5545158762560276642" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirTC6IJ-6xY_WxjPXwpzf5pQ8U0aqiSYwR4EXjsFPL8zXMphc6Y8VDlYzfrWGh5cglZ8YtV-qnIE4MAmH-6rEHMe8x9oH4zHozppbRoRTceHYly0_VPgxnY2z1FeSOp1jRmWYYLWDJC_M/s320/ovo_web.jpg" /></a><br /><div></div><br /><div><span style="font-size:85%;"><em>"Olho o ovo na cozinha com atenção superficial para não quebrá-lo. Tomo o maior cuidado de não entendê-lo. Sendo impossível entendê-lo, sei que se eu o entender é porque estou errando."</em></span></div><br /><div align="right"><span style="font-size:85%;"><em>O ovo e a galinha-Clarice Lispector</em></span></div><br /><div></div><br /><div></div><br /><div>Dentro de uma casca - ele repetia, já fazia cinco dias. Quando abria a boca, agora tão seca, murcha, era pra dizer, dentro de uma casca.</div><br /><div>Ele antes era muito expansivo, não sei bem se é a palavra certa, mas é a que achei, e com ela quero dizer que ele buscava, nunca estava parado, até na hora de dormir, praticava o sonho consciente, lúcido. E agora estava encolhido, seus olhos que tomavam mais a cada dia um tom de âmbar, refletiam uma rocha e um grito de guerra armada.</div><br /><div>Olha, não vou dizer que eu não me assustava quando tinha coragem de encará-lo e sim, eu corria cada vez que aqueles olhos duros me encurralavam, me esmagavam, corria feito uma criança pra debaixo do cobertor. Não queria compreendê-lo, desejava que ele escondesse aquilo de tudo que se derramava cada vez mais fundo nele.</div><br /><div>Foi ontem, que já não ouvi mais o seu fio de voz saindo embargado, que parecia um rouco querendo gritar. Senti um alívio imenso, não nego, e demorei um tanto para abrir a porta de seu quarto, não queria perturbá-lo, talvez tivesse chocado. Mas quando o silêncio passou a sussurrar, caminhei lentamente, abri a porta e o vi ali envolto de cacos, tão bonito, limpo, os olhos de vidro, parados e quebradiços. Havia tocado a casca.</div><br /><div>Enfim eu poderia voltar a comer ovos.</div>Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-16645033184597883192010-10-21T17:01:00.002-02:002010-10-21T17:02:07.925-02:00Eu gosto dos que têm fome<br />Dos que morrem de vontade<br />Dos que secam de desejo<br />Dos que ardemRaíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-65439529120456009492010-10-19T21:52:00.002-02:002010-10-21T16:49:27.037-02:00<span style="font-family:verdana;font-size:180%;">"Bem de leve prá não perdoar</span><br /><span style="font-family:Verdana;font-size:180%;">Eu tô aqui comendo para vomitar</span><br /><span style="font-family:Verdana;font-size:78%;">Carinhoso pra poder ferir"</span>Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-9362093479039989732010-10-12T23:46:00.001-03:002010-10-12T23:49:24.100-03:00<span style="font-family:arial;font-size:85%;color:#3333ff;">Disse um velho orixá pra oxalá</span><br /><span style="font-family:arial;font-size:85%;color:#3333ff;">Pra acreditar</span><br /><span style="font-family:arial;font-size:85%;color:#3333ff;">Pra não temer, temer, temer...</span>Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-78995848826210972992010-09-27T16:51:00.003-03:002010-09-27T17:05:06.206-03:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyN5ZtRzTGf_V3_q5mHuEp8mFyyBBJUFRJekaw72B_aB0INuFQqLrPfSzuA7PbJ2P5HCdv_Wo9ijHqaGOvpMehV2_GfT2_2gP08IC0L1jkOK-EsLk6zzR_G21_x_8Sc_2aTNSGfVYJv00/s1600/Passaro-na-janela2-300x193.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 300px; DISPLAY: block; HEIGHT: 193px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5521685588832498690" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyN5ZtRzTGf_V3_q5mHuEp8mFyyBBJUFRJekaw72B_aB0INuFQqLrPfSzuA7PbJ2P5HCdv_Wo9ijHqaGOvpMehV2_GfT2_2gP08IC0L1jkOK-EsLk6zzR_G21_x_8Sc_2aTNSGfVYJv00/s320/Passaro-na-janela2-300x193.jpg" /></a><br /><br /><div align="center"><span style="font-size:78%;"><span style="color:#000099;">eu pud</span><span style="color:#3333ff;">ia </span><span style="color:#3333ff;">da</span><span style="color:#339999;"> <span style="color:#3333ff;">pr</span>a</span><span style="color:#339999;"> avu</span><span style="color:#66cccc;">á...</span></span></div>Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-53404331706075839982010-09-14T13:20:00.002-03:002010-09-14T13:25:33.799-03:00<em><span style="color:#666666;">"Há detalhes suficientes para que se compreenda. </span></em><br /><em><span style="color:#666666;"> Explicitar seria estragar a poesia da coisa."</span></em>Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-28056540988865350832010-08-17T23:27:00.009-03:002010-08-18T00:21:03.485-03:00Veias Mansas<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZzOY21l_eVZ25u2TE3p5Hy9gfgYeMl28VuCVmEUQgM1ASN5uosQcVeNl2nc8R19i-7La9hzhxa35g0kglVn_OMB2JhyphenhyphenbBh39YDqK1v-udkzoA8TpgnV7WLkNR5NyPTCKMLNzJnCbn9t8/s1600/Butterfly_Maiden_by_chasing_butterflies.jpg"><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 214px; FLOAT: right; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5506579040555218178" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZzOY21l_eVZ25u2TE3p5Hy9gfgYeMl28VuCVmEUQgM1ASN5uosQcVeNl2nc8R19i-7La9hzhxa35g0kglVn_OMB2JhyphenhyphenbBh39YDqK1v-udkzoA8TpgnV7WLkNR5NyPTCKMLNzJnCbn9t8/s320/Butterfly_Maiden_by_chasing_butterflies.jpg" /></a><br /><div>Se me repara assim tão distraída</div><br /><div>É que já andei errando o pulo</div><br /><div>E que agora sobro dispersa a toques tão frágeis</div><br /><div>Preciso que me agarre</div><br /><div>Me engula</div><br /><div>Pra me arrancar destes restos embriagantes</div><br /><div>Quero um vinho tinto</div><br /><div>Que me desperte tão sorrateiro desse sonho pouco</div><br /><div>Quero as janelas abertas</div><div align="right"></div><div></div><div> </div><div>Pra que entre um frio cortante</div><br /><div>E me sangre</div><br /><div>Sangue espesso</div><br /><div>De tantas maçãs apodrecidas</div><br /><div>Que nenhuma Eva</div><br /><div>Sucumbiria aos seus encantos</div><br /><div>Que cantos?</div><br /><div>A voz tão rouca</div><br /><div>Que não repara</div><div></div><div> </div><div>No que eu digo</div><div></div><div></div><div></div><div><span style="font-size:85%;"><em></em></span></div><div><span style="font-size:85%;"><em></em></span></div><div align="right"><span style="font-size:85%;"><em>imagem:<span id="SPELLING_ERROR_0" class="blsp-spelling-error">deviantart</span>.com</em></span></div><br /><div></div>Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-22495432396864002892010-06-08T20:41:00.002-03:002010-06-08T20:50:17.070-03:00Quem sabe no fundo do lago alguma gruta<br />Quem sabe no fundo da gruta alguma planta<br />Quem sabe no fundo da planta alguma flor<br />Quem sabe no fundo da flor alguma sede<br />Quem sabe no fundo da sede algum lago<br /><br /><div align="right"><strong><span style="font-size:78%;"><em>Caio F</em>.</span></strong></div>Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-71441003052586516152010-05-05T11:17:00.015-03:002010-05-07T10:36:58.561-03:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWX3ddoqM2niL-ib2ZB21PxY5Bsoo7qOCJlKI-u4INg3xMK_4b16kabPWpmnT6dEw8E2cnpCsudADn9Eb52ztg63k_IJSP_TAV7ScRwqOZ3_vy9Q7ZX5_pQE4w5lm1a8yU34iJhBdA_bc/s1600/vento1.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5468520138070791442" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWX3ddoqM2niL-ib2ZB21PxY5Bsoo7qOCJlKI-u4INg3xMK_4b16kabPWpmnT6dEw8E2cnpCsudADn9Eb52ztg63k_IJSP_TAV7ScRwqOZ3_vy9Q7ZX5_pQE4w5lm1a8yU34iJhBdA_bc/s320/vento1.jpg" /></a> Eu que não tenho mais sopro de vida, me aqueço agora com pequenos pedaços das suas velhas frases. Eu que já perdi a ventania, me movo depois entre seus cachos e piso fundo em suas <span id="SPELLING_ERROR_0" class="blsp-spelling-error">epifanias</span>, que me alegra pensar que você não é mais do que se faz, e o que eu faço é pura pintura, fantasia do ser.<br />Cai tão grave nas tuas marginais, sonhei tão alto em não me ser mais. Ando cansada desse gosto de saliva, me traz um pouco de amargo, por favor, <span id="SPELLING_ERROR_1" class="blsp-spelling-error">garçon</span>. Eu que(m?) em outra hora me faria reflexo de mim mesma, agora pareço mais uma <span id="SPELLING_ERROR_2" class="blsp-spelling-error">tênue</span> penumbra do que costumávamos ser, e sabe nem é tão ruim assim. Cada um pro seu lado, mãos desatadas, procurando, desesperadas, por outro par.<br /><br />"Aleluia, grito eu."Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-80062788124736819712010-04-13T16:51:00.014-03:002010-04-30T11:51:47.073-03:00Diálogo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqj8l-bFmQd44eVCFIOxWu4SR9Uk3_-QmMoI3AMg2vYIOpGUuDvcMnCiH91jr4E-d0cvljEI-RT_R59ux1U-Khg-Ebp0WJ72jycgtHjoXuNWI5ob1ejuX-SHx87vOILbJnMzk8JzcJGbc/s1600/pedras+no+caminho.JPG"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 240px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5460000587812687842" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqj8l-bFmQd44eVCFIOxWu4SR9Uk3_-QmMoI3AMg2vYIOpGUuDvcMnCiH91jr4E-d0cvljEI-RT_R59ux1U-Khg-Ebp0WJ72jycgtHjoXuNWI5ob1ejuX-SHx87vOILbJnMzk8JzcJGbc/s320/pedras+no+caminho.JPG" /></a><br /><div>- Veja, os meus cabelos estão molhados, caminhei horas pela chuva querendo e não querendo procurar você.<br /><br />Frágil e absoluta em sua carnação de mineral, as raízes, se as tivesse encravadas no fundo do rio. A sua base por onde escorregam peixes, cobras, onde a lama se acumulava lenta tentando cobri-la por completo. Ondas frágeis de rio e, atrás, a ilha espalhada em verde contra o céu quase negro do entardecer. O sol além do rio, e o céu quase todo desfeito em cores que em breve afundariam no escuro. As cores morreriam,o claro se faria treva e a pedra mergulharia em sombras, impressentida - quem veria jamais uma pedra emergindo do negro que cobria o rio? E renasceria, depois. Em cada amanhecer, renovada e sempre a mesma, endurecida em sua natureza. A pedra. Por que me doía e pesava por dentro, como se eu jamais conseguisse atingi-la? Ah meus gestos incompletos, meus olhos que nao ultrapassavam o que viam - e ela me enencarava, alheia ao meu espanto, inatingível quem sabe para sempre. E não seria apenas uma forma, uma silhueta de coisa nascendo da água, projetada contra o espaço, cercada de vazio, uma pedra? Que espécie de dureza havia nela, negando a penetração? A compreensão mesma de sua incompreensão - por que se fechava tanto, e tanto se esquivava, e sem se esquivar nem se fechar, feita em sim - apenas uma pedra?<br /><br />- Podia esperar de qualquer um essa fuga, esse fechamento. Mas não em você,se sempre foram de ternura nossos encontros e mesmo nossos desencontros não pesavam, e se lúcidos nos reconhecíamos precários, carentes, incompletos. Meras tentativas, nós. Mas doces. Por que então assim tão de repente e duro, por quê?<br /><br />Uma pedra. Igual a si mesma, como só o são as naturezas inertes. As pessoas escorregam e, se num momento foram, no seguinte já não mais o são; a possibilidade de ser se reduz, contrai, escapa, ou num repente aumenta para explodir inesperada. As coisas se afirmam nelas mesmas em cada segundo de cada muinuto. E em cada segundo futuro, serão ainda elas mesmas, sem se acrescentarem ou diminuírem. Para sempre, uma pedra será uma pedra. E por que então, enfim, esta palidez minha? Por que a encarava e pensava, e a constatava em sua permanência despida de mistério e, no entanto, hesitava? Deveria compreendê-la no passar de olhos e ir adiante sem esperar. Contudo, esperava. De uma pedra - o quê? Se me machucava por dentro e quase tombava, meio aniquilado, impossível prosseguir. Derramar de ternura do vazio de minhas mãos, meus olhos quase verdes de tanto amor recusado, emoções informuladas pelo silêncio de noturna precisão - tudo convergindo para a pedra. Uma fatalidade, o inumano atingir o humano assim, de brusco? A nudez de meus pés devassava o frio. O vidro do rio, a lâmina do vento, a morte do sol. E a pedra. Inatingível.<br /><br />- Compreenda, eu só preciso falar com você. Não importa as palavras, os gestos, não importa mesmo se você continua a fugir e se empareda assim, se olha para longe e não me ouve nem vê ou sente. Eu só quero falar com você, escute.<br /><br />Inatingível. Escorregava em torno dela, percorrendo consciente uma trajetória de impossível. Em torno da pedra um círculo de repulsão que me jogava longe no momento da aproximação de seu centro. Cansaço pesando em mim, baixei a cabeça. As minhas mãos fremiam de fadiga. Círculos dourados percorriam o espaço, penetravam concêntricos em minhas órbitas, os círculos nascidos em torno da pedra. Pelos descaminhos, meu rumo se perdia, eu tornava a buscar, recomeçava - e novamente errava, e novamente insistia, túrgido de ternura, me encarei. E baixei a cabeça com vergonha. A pedra prescindia de mim. Eu, que me projetava num tempo desconhecido, prescindir de tudo e, impotente, me projetava na pedra, lúcido de que não seria jamais o que ela estava sendo. Eu que não conseguia alcançar o que ela alcançara e para sempre me perderei entra as pessoas, vagando sem encontrar, sem saber sequer o que busco, o que buscarei. A pedra me agredindo com seu ser completo.<br /><br />- É esse gelo por dentro que eu não consigo entender. Você se doou tanto quando eu não pedia, e no momento em que pela primeira vez eu pedi, você negou, você fugiu. É esse seu bloqueio de aço encouraçando o silêncio, eu não consigo entender.</div><div></div><div></div><div align="right"><em><strong><span style="font-size:85%;">Caio F.</span></strong></em></div>Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-88400061611847188142010-04-05T13:32:00.004-03:002010-04-06T11:05:40.403-03:00<span style="color:#333333;">"E se ainda existe algo de infernal e de verdadeiramente maldito nestes tempos, é esse demorar-se artisticamente sobre as formas, em vez de ser como os supliciados que são incendiados e fazem sinais de dentro das suas fogueiras."</span><br /><br /><span style="color:#333333;"></span><br /><br /><div align="right"><span style="font-size:78%;color:#333333;"><em><strong>Antonin Artaud</strong></em></span></div>Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-38451218886674574212010-01-06T13:54:00.001-02:002010-01-06T14:02:52.543-02:00<div align="justify">Como qualquer um pode lhe dizer, não sou um homem muito bom. Não sei que palavra usar para me definir. Sempre admirei o vilão, o fora da lei, o filho da puta. Não gosto dos garotos bem barbeados com gravatas e bons empregos. Gosto dos homens desesperados, homens com dentes, rotos e mentes arruinadas e caminhos perdidos. São os que me interessam. Sempre cheios de surpresas e explosões. Também gosto de mulheres vis, cadelas bêbadas que não param de reclamar, que usam meias-calças grandes demais e maquiagens borradas. Estou mais interessado em pervertidos do que em santos. Posso relaxar com os imprestáveis, porque sou um imprestável. Não gosto de leis, morais, religiões, regras. Não gosto de ser moldado pela sociedade.</div><div align="right"><em><strong><span style="font-size:78%;">Charles Bukowski</span></strong></em></div>Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-86895142644864620252009-12-25T06:32:00.006-02:002009-12-25T06:38:01.484-02:00<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHeBKqv-ImlARTAhyTE0_8G6YUjg49zT__wS2SG9GIvCRcgz2yjadHf-VHQZKVjPGW_eHGcoXlsMRqmIGHtamRlmoJsL9RhanQyIOY_n0iqir5N01I19dqMv0Di14N6p_PdbK5OrgU6Cs/s1600-h/gabriel+pacheco.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5419089172942371362" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 118px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHeBKqv-ImlARTAhyTE0_8G6YUjg49zT__wS2SG9GIvCRcgz2yjadHf-VHQZKVjPGW_eHGcoXlsMRqmIGHtamRlmoJsL9RhanQyIOY_n0iqir5N01I19dqMv0Di14N6p_PdbK5OrgU6Cs/s320/gabriel+pacheco.jpg" border="0" /></a> <span style="font-size:78%;"><em>[ Gabriel Pacheco]<strong> </strong></em></span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisRvkX9tEIIhBAaI-Rv9GgXC2MIUHKbt4QV7j1ERLuaza3ssFWvWX44xW2_8ivhtRPJeTwXRaYv001DB_Km8juQiipwu8rEt6WeaNzvq_w6SIGcDrA_aOvv54zXHamyIZBQ1Ow_qstUQc/s1600-h/gabriel+pacheco.jpg"></a><br /><span style="color:#990000;"><span style="font-size:85%;"></span></span><br /><div align="left"><span style="color:#990000;"><span style="font-size:85%;"></span></span></div><div align="left"><span style="color:#990000;"><span style="font-size:85%;"></span></span></div><div align="left"><span style="color:#990000;"><span style="font-size:85%;"></span></span></div><div align="left"><span style="color:#990000;"><span style="font-size:85%;"></span></span></div><div align="left"><span style="color:#990000;"><span style="font-size:85%;"></span></span> </div><div align="left"><span style="color:#990000;"><span style="font-size:85%;"></span></span> </div><div align="left"><span style="color:#990000;"><span style="font-size:85%;">ou que um soco na minha cara<br />me faça menos osso<br />e mais verdade</span><br /><span style="font-size:78%;"><strong><em>Hilda Hilst</em></strong></span></span></div></div>Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-56936688000162923612009-12-23T16:30:00.010-02:002009-12-23T20:02:29.186-02:00Futuro do pretérito (devaneios tortos)<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQ9vjPw3I5CsCLoVag3YEnKCC5x0akmPwGBQBwpu1qbJ4-bbudJI3jpz8QDoG1rCUIkKGCtX7zZW22taqxPCZv5InNxDB5QM1TtwQZ7M3IidULZnrwJcvDPZYPZjJzEMdvEt2tzgs74nM/s1600-h/3909612888_56f572d058.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 213px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQ9vjPw3I5CsCLoVag3YEnKCC5x0akmPwGBQBwpu1qbJ4-bbudJI3jpz8QDoG1rCUIkKGCtX7zZW22taqxPCZv5InNxDB5QM1TtwQZ7M3IidULZnrwJcvDPZYPZjJzEMdvEt2tzgs74nM/s320/3909612888_56f572d058.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5418508199054225538" border="0" /></a>Se tivesse se demorado mais um pouco nos fundos, era assim que pensava pra amenizar o desencontro, mesmo tendo existido um encontro antes e depois dos fundos. Antes com a distância e também de certa forma junção de melodias, depois com tamanha embriaguez que pensa não ter dito nada que preste, e no TIVESSE poderia ser bonito, ele estava tão lúcido e dentro de si, ela tão fora e tão dentro, ia de um ponto ao outro em minutos, mas como aquelas coisas inacabadas,<br />ela foi, ele vinha, e assim um quase nada.<br />Mas agora realmente no SE TIVESSE, agora em seus sonhos: ela podia ter se demorado mais nos fundos, pegado uma bebida e sentado, olhando aqueles postes desenhados na parede, enquanto isso ele viria, pediria uma bebida e conversaria um pouco com a moça do balcão, mas pensando se iria até a menina com uma flor entrelaçada nos fios do cabelo e de um falso olhar perdido, vago, ele então iria até ela, primeiro olharia o que a menina olhava, faria algum comentário(ou nenhum), ela o convidaria a sentar, ele olharia pra trás e sim, sentaria, iriam conversar sobre qualquer coisa pra prolongar aquele momento que estavam vivendo, pois haveria um brilho, embora fingissem não enxergar e tentassem guardá-lo num pote, mesmo sabendo que não havia pote algum.<br /><br />Essa é a imagem que ela guarda desse TIVESSE: eram dois, um menino lúcido e uma menina com uma flor vermelha nos cachos, vivendo, sentados nos fundos de um bar, rindo, levemente agudos...<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-size:78%;">'nunca mais viveu o que sonhou'</span></div>Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-82501776060753187822009-12-19T05:50:00.005-02:002009-12-22T16:38:25.858-02:00Samambaias, um conto verdeSerei sincera, não sei como começar esse conto, pois ele não possui um verdadeiro começo nem nada dessas coisas que <span id="SPELLING_ERROR_0" class="blsp-spelling-corrected">dão</span> uma desenvoltura, que alimentam. Vou falar de uma menina, com seus olhos barulhentos, sua saia de veludo e sete passos.<br /><br /><br /><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 240px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5416852427547273602" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlT4oUCcxpS_7a073UBHx-n8SP8AIukb7R3IXdN9ohPJB_lpuiODdeX5HG5B2jKDDzIXiCcCDabizCVBfyERuoCzL4376fljdHlvJq_QxEyV0kZbs-BiHUCoS0_qdb6nd-NmEJqmJ1MIY/s320/SAMAMBAIAS.jpg" />Então como quem não sabe começar, vou caminhando entre pedras, e no sangue que vai escorrendo entre os dedos tento absorver alguma linha, idéia, desenho formado de pedra e sangue, não, não, essa história não tem nada a ver com o que você está pensando, <span id="SPELLING_ERROR_1" class="blsp-spelling-corrected">não</span> que você pense em algo e que eu saiba o que se passa por sua <span id="SPELLING_ERROR_2" class="blsp-spelling-error">cabecinha</span>, talvez miúda com cabelos chapados, talvez volumosa de cabelos exagerados, tanto faz. Onde <span id="SPELLING_ERROR_3" class="blsp-spelling-corrected">estão</span> meus modos, deixe eu lhe apresentar nossa <span id="SPELLING_ERROR_4" class="blsp-spelling-error">protagonista</span>(se você leu o livro em que tirei isso terá certeza agora que estou <span id="SPELLING_ERROR_5" class="blsp-spelling-corrected">desesperada</span> por um começo, o que me faz plagiar, mas <span id="SPELLING_ERROR_6" class="blsp-spelling-corrected">continuemos</span>) se chama, não, não importa o nome, importa que vivia ali entre fios que tecia, malabarista, outras vezes <span id="SPELLING_ERROR_7" class="blsp-spelling-error">palhaça</span> do seu destino, acreditava um pouco.<br />Então ela entrou naquele bazar, talvez pelas cores fortes e calorosas que tinha, talvez pelo cheiro de incenso que se espalhava por metros, talvez pra disfarçar o mofo, se a perguntasse agora que cheiro tinha não saberia ao certo dizer, algo entre <span id="SPELLING_ERROR_8" class="blsp-spelling-error">lavanda</span> e orquídeas, mas entrou, e logo quando movimentou as pernas, sete passos, viu ele, primeiro os olhos se <span id="SPELLING_ERROR_9" class="blsp-spelling-corrected">contemplaram</span> por instantes, desviou, ele não, depois a vontade de olhar de novo não sabendo bem disfarçar, mesmo assim ousou, o que <span id="SPELLING_ERROR_10" class="blsp-spelling-corrected">não</span> fazia a tanto tempo, não que fosse tamanha a ousadia, mas calma, vamos por partes, então ousou e olhou novamente, ele permaneceu inalterado tinha um ar de quem se divertia com a situação, ela corou.<br />O segundo encontro, pois precisava haver uma continuação depois de tamanha perplexidade do primeiro, foi em ruas, avenidas, praças, <span id="SPELLING_ERROR_11" class="blsp-spelling-corrected">não</span> sei se pode se chamar de encontro, tão rápido e calado. Ela estava no carro com os pais, eram algo entre oito e oito e seis da noite, iriam jantar, ainda não sabiam se na <span id="SPELLING_ERROR_12" class="blsp-spelling-error">pizzaria</span> ou quem sabe em algum <span id="SPELLING_ERROR_13" class="blsp-spelling-corrected">restaurante</span> japonês, chinês, nunca sabia diferenciar, o sinal fechou, batia uma chuva fina e ela observava aquela dança pela janela, foi quando viu ele sentado dentro de uma <span id="SPELLING_ERROR_14" class="blsp-spelling-corrected">cafeteria</span> com um livro nas mãos, quis pensar que lia Caio F. e pensou, achou estranho o fato dele ali aquelas horas, mas o sinal abriu e foi.<br />O terceiro, sim <span id="SPELLING_ERROR_15" class="blsp-spelling-error">en</span>-<span id="SPELLING_ERROR_16" class="blsp-spelling-error">con</span>-<span id="SPELLING_ERROR_17" class="blsp-spelling-error">tro</span>, foi numa sexta feira cinza sem chuva ainda, ela passeava, andava assim à <span id="SPELLING_ERROR_18" class="blsp-spelling-error">toa</span>, olhando <span id="SPELLING_ERROR_19" class="blsp-spelling-error">vitrines</span>, <span id="SPELLING_ERROR_20" class="blsp-spelling-error">objetos</span> que a olhavam de volta sem dizer nada, nem expressar. Ele comprava um livro numa sebo próxima de onde andava a menina, depois saiu e ascendeu um cigarro lento e longo, e entre um tragar e outro a viu, vestia uma saia de veludo num azul <span id="SPELLING_ERROR_21" class="blsp-spelling-error">sutil</span>, toda tão dentro de si mesma que ele quase entrou por janelas, nem parecia mais aquela menina corada do bazar onde havia comprado a saia que ele na hora achou de mau gosto, mas agora via que lhe caia perfeita, ela distraída, num mundo seu, tão confiante, e cheia, e torta, ele gostou de vê-la tão livre, e passou minutos até que ela percebesse que era observada, olhou pra ele com seus olhos vibrantes, dessa vez não corou, sorriu, não muito largo pra não assustar, e ele se sentindo meio ladrão do mundo que a absorvia segundos atrás, percebeu rápido que aquilo era tudo que podiam se oferecer, olhares que pedem tanto, que falam, exclamam, pensou, a magia, e por isso, por perceber tanto assim, tragou mais uma vez seu cigarro que agora já não era tão lento, ofegava na <span id="SPELLING_ERROR_22" class="blsp-spelling-corrected">língua</span>, deu sete <span id="SPELLING_ERROR_23" class="blsp-spelling-error">passos</span> até ela, lhe entregou o livro, que afinal não era Caio F. a menina o apertou entre os seios(o livro, não o rapaz) chegou a abrir a boca, mas também percebeu que algumas gavetas devem permanecer fechadas, não janelas. E continuaram os dois em seus gingados frouxos, cada um pra um lado.Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-14047119437618676542009-12-16T01:49:00.004-02:002009-12-16T01:55:54.628-02:00E a menina repetia: que não passe, que não passe, que não passe...<br />Mesmo já sendo visto um pequeno vazio,<br />ela tentava guardar algum resto bem no fundo,<br />num frasco, feito amuleto<br />pra não se perder, pra não se perder, pra não te perder<br />E cruzava os dedosRaíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-6618902186424167302009-12-05T22:20:00.000-02:002009-12-05T22:21:46.269-02:00<em style="color: rgb(153, 153, 153);"><span style="font-family: verdana; font-size: 85%;">É tempo de meio silêncio,<br />De boca gelada e suspiro,<br />De palavra indireta, aviso na esquina.<br />Tempo de cinco sentidos num só.<br /></span></em><br /><div style="text-align: left; color: rgb(153, 153, 153);"><em><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: 85%;">Drummond</span></span></em></div>Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-34104221863860082782009-12-03T14:47:00.007-02:002010-05-31T10:54:46.367-03:00Eu não saberia explicar se me perguntasse o que me engole, o que me dói? Sei que não falaríamos disso, afinal não falamos de mais nada, só daquela parede branca descascando, sempre meio desesperados, tentando achar outra cor, alguma de nome bonito.<br />Ontem assisti aquele filme que tentamos ver juntos. Pensei na coragem de esquecer, de abandonar. É, também penso que ela me falte, sim, a você também, sim, demasiados covardes invadidos por sonhos <span id="SPELLING_ERROR_0" class="blsp-spelling-error">tênues</span>.<br />Ando lendo sobre astrologia. Percebi entre xícaras e/ou canecas de café que sagitário é o inferno astral de capricórnio, caiu bem, ainda mais após aquele poema invisível, (eu) te invadindo, te <span id="SPELLING_ERROR_1" class="blsp-spelling-error">bagunçando</span>, qual foram mesmo as palavras? Algo entre angústia e inconstância.<br />É, penso que não passo confiança, nem seriedade, não sou terra firme, talvez seja o fogo(elemento), esse que queima e renova. Fico às vezes criando desculpas por mim, por você, acho que deveria ser mais firme, menos impulsiva, talvez assim você pudesse arriscar com certas garantias, o que me soa bem <span id="SPELLING_ERROR_2" class="blsp-spelling-error">contraditório</span>, mas são apenas inventos, passíveis ou não de terem sentido.<br />Concordo que há um masoquismo obsceno, é o meu modo de sentir, talvez tenha desaprendido. Sentir "qualquer coisa intensa como um grito".Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-80397028346365200082009-11-24T22:04:00.005-02:002009-11-25T14:41:34.082-02:00pitadas de Caio F.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgbg_XhxvwyawsM-gyvTWZNfnjFH6-hHSThGAZSohQXyIVDpU48m0TBeZW_RT0BVvp_Nu5Jqwg6YzM1CcuyCLWgWDeDtox2daJCMhBEgN0AUyp96c7DUbeal4d6E0X8ErK_lser7kKE8Q/s1600/51.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5407829166991622882" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 230px; CURSOR: hand; HEIGHT: 152px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgbg_XhxvwyawsM-gyvTWZNfnjFH6-hHSThGAZSohQXyIVDpU48m0TBeZW_RT0BVvp_Nu5Jqwg6YzM1CcuyCLWgWDeDtox2daJCMhBEgN0AUyp96c7DUbeal4d6E0X8ErK_lser7kKE8Q/s320/51.jpg" border="0" /></a><br /><div class="para"><span style="color:#00cccc;"></span></div><br /><div class="para"><span style="color:#00cccc;"></span></div><br /><div class="para"><span style="color:#333333;">Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo. No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido. Você também tem cheiros. As pessoas têm cheiros, é natural. Os animais cheiram uns aos outros. No rabo. (…) Se tudo isso, se tocar no outro, se não só tolerar e aceitar a merda do outro, mas não dar importância a ela ou até gostar, porque de repente você pode até gostar, sem que isso seja necessariamente uma perversão, se tudo isso for o que chamam de amor. Amor no sentido de intimidade, de conhecimento muito, muito fundo. Da pobreza e também da nobreza do corpo do outro. Do teu próprio corpo que é igual, talvez tragicamente igual. O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho. Se amor for a coragem de ser bicho. Se amor for a coragem da própria merda.</span></div>Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-71916403667056955322009-11-17T19:57:00.010-02:002009-11-17T22:55:28.573-02:00Desafinado dom de se iludir ou desamores aleatóriosFui brincar de fazer de você uma extensão de mim. Comecei usando fios tão finos, frágeis, mas coloquei tantos, não consigo me lembrar quando...<br /><br /><br /><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiILuoUMW_-D7WuGHDS3l0YBkWSGGjcNFuYSrhk-wuczvte0aVKqk1ezY4NrigwjtQh55IJqQY8KP1srMy9-iKdyJmlZTR08XfW3WgKQnU8TqgxPmTIdtC4YtJjHlApd0DyVSJ9fSvAhjU/s1600/fios.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5405198348359384834" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 214px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiILuoUMW_-D7WuGHDS3l0YBkWSGGjcNFuYSrhk-wuczvte0aVKqk1ezY4NrigwjtQh55IJqQY8KP1srMy9-iKdyJmlZTR08XfW3WgKQnU8TqgxPmTIdtC4YtJjHlApd0DyVSJ9fSvAhjU/s320/fios.jpg" border="0" /></a>Transformei aquilo tudo, em tudo aquilo, em água viva. De repente era parte da chama, que brilhava num tom alaranjado que me lembravam seus cabelos menina. Logo se esgotava. Os momentos claros pareciam dissolver tudo, mas eu me apegava com tamanha fidelidade aos obscuros que me restava ascender um cigarro e tragar, ou nem isso, pedindo para que se demorasse a acabar.<br /><br />Quando olho pra algum fio arrebentado, outro partido, vejo que criei tanto e como, inventei ruas, avenidas, praças, sons, dizeres que falavam em outros tons, silêncio, silêncio, que enfim me incomodavam por tanto <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">tagalerarem</span>.<br /><br /><br />Quem poderia imaginar que no fim o vento, seria você ( )<br /><br /><br /><br /><div align="right">"desligo você</div><div align="right">nus, deslizamos</div><div align="right">pra que te esquecer</div><div align="right">se o amor é tanto?</div><div align="right">existo em você</div><div align="right">por louco engano"</div><div align="right"></div><div align="right"></div><div align="right"></div><div align="right"></div><div align="right"></div><div align="right"></div><div align="right"></div><div align="right"></div><div align="left">"Eu já nem sei se eu tô misturando</div><div align="left">Eu perco o sono</div><div align="left">Lembrando em cada riso teu</div><div align="left">Qualquer bandeira</div><div align="left">Fechando e abrindo a geladeira</div><div align="left">A noite inteira"</div>Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1343115607270202781.post-89598249818153345022009-10-29T07:01:00.008-02:002009-10-29T07:27:44.857-02:00O meu pão sempre cai com a manteiga pra baixo ou o silêncio de um ruído<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiE2qeXonuHOenbuOgErr2DZNkL-1ZV8XjxDsaZ0Y-8FvBaQALibiWx8aWR2UT78Kpffz9UlEKrWUQ14hWnLUyWo8xGrMvROu3iLCARuS1XGG51cfTe29M0wiOv0LolUFlXsLnxcXFEDTA/s1600-h/bonfim.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5397947651025936610" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 214px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiE2qeXonuHOenbuOgErr2DZNkL-1ZV8XjxDsaZ0Y-8FvBaQALibiWx8aWR2UT78Kpffz9UlEKrWUQ14hWnLUyWo8xGrMvROu3iLCARuS1XGG51cfTe29M0wiOv0LolUFlXsLnxcXFEDTA/s320/bonfim.jpg" border="0" /></a><br /><div><strong></strong></div><div><strong>É engraçado como Deus(sempre enfiando ele no meio) pode ser uma <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">pessoinha</span> <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_1">irônica</span>, é só você mandar um "Sabe, tá tudo começando a dar certo" pra ele te mostrar que não é assim, e não adianta ficar <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">puto</span>, ele escorre isso sobre margens que você não consegue alcançar, e o jeito é catar aquilo tudo e olhar nos olhos, se for pra se sentir triste, sentir em cada pedacinho do corpo, por inteiro. Vai vire cinzas, pra poder se renovar (acho que Nietzsche disse algo assim). </strong></div><br /><div><strong>Então me quebro, me desfaço, o ponto que iluminava se apagou de uma vez, enquanto eu pisava em campos vastos e sim, pareciam brandos, agora tudo o que sinto é o cheiro da flor se esvaziando e até agradeço por não enxergar nada.</strong></div><br /><div><strong><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">Murmuro</span> desculpas pra mim mesma, e é claro tento me acabar de vez e cortar a <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">fitinha</span> do Bonfim.</strong></div>Raíssa B.http://www.blogger.com/profile/01992353727270932809noreply@blogger.com1